Por Mario Lopes, psicanalista pós graduado em Neurociências e Psicologia aplicada, Master PNL (IBC), terapeuta integrativo. Instagram @mariolopesterapeuta
Setembro é o mês do amarelo, e com ele vem a conscientização sobre um tema crucial, mas frequentemente cercado de tabus: o suicídio. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado em 10 de setembro, é um lembrete anual de que a saúde mental deve ser uma prioridade, mas o Setembro Amarelo vai além, oferecendo uma oportunidade para ações mais profundas e efetivas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou uma queda global nas taxas de suicídio, mas a situação nas Américas é alarmante. Em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios no mundo, e estima-se que o número real seja superior a 1 milhão, dada a subnotificação. No Brasil, a realidade é igualmente preocupante: são aproximadamente 14 mil suicídios anuais, ou cerca de 38 mortes diárias.
Particularmente alarmante é o aumento das taxas de suicídio entre os jovens. Dados do Ministério da Saúde mostram um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% entre aqueles de 10 a 14 anos entre 2016 e 2021. Estes números revelam um cenário em que muitos jovens enfrentam uma crise sem o suporte adequado.
É fundamental reconhecer que o suicídio é um problema multifacetado. Fatores como crise econômica, bullying, abuso, e incertezas sobre o futuro contribuem para o sofrimento mental. O que muitas vezes falta é uma resposta rápida e eficaz, baseada na compreensão e na intervenção precoce.
A questão do suicídio ainda é cercada de estigmas, o que impede muitos de buscar ajuda. A conscientização e a educação são ferramentas essenciais para quebrar esses tabus e promover uma abordagem mais aberta e eficaz para a saúde mental. A proposta é que o Setembro Amarelo se transforme em um mês de ação concreta, promovendo:
Educação e Sensibilização: Campanhas educativas para esclarecer sinais de alerta e a importância de buscar ajuda devem ser amplamente divulgadas em escolas, universidades e locais de trabalho.
Apoio Psicológico: Investir em serviços de saúde mental e garantir acesso a suporte psicológico e psiquiátrico são passos cruciais. Profissionais capacitados e redes de apoio são indispensáveis.
Acesso a Recursos: É vital que informações sobre linhas de apoio e centros de atendimento estejam amplamente disponíveis e acessíveis para todos.
Apoio Social: Criar redes de suporte social que ofereçam suporte emocional e prático pode fazer a diferença para aqueles em situação de vulnerabilidade.
Redução do Estigma: Promover uma cultura de empatia e compreensão para diminuir o estigma associado à saúde mental e ao suicídio.
Uma proposta eficaz seria a criação de um “Programa de Conscientização e Suporte Comunitário”, que inclua capacitação de líderes comunitários, campanhas de mídia e redes sociais, e a formação de grupos de apoio. Esse programa deve ser integrado com serviços de saúde locais e monitorado para garantir sua eficácia.
O Setembro Amarelo não deve ser apenas um mês de reflexão, mas um ponto de partida para ações contínuas. É hora de transformar a conscientização em mudanças reais e sustentáveis. Ao quebrar o tabu e oferecer suporte genuíno, podemos construir um futuro na qual a busca por ajuda não seja apenas encorajada, mas garantida.